LENDAS DA FOTOGRAFIA
entrevista: Sergio Pugliese | texto: Mauro Ferreira | vídeo e edição: Daniel Planel
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Na religião dos lambe-lambes esportivos, Ari Gomes é Jesus Cristo. Não foi crucificado, nem morto e jamais sepultado. Sobrevive, câmera em punho, aos 74 anos, ainda na ativa, sempre atrás da foto perfeita, sempre atrás daquilo que o olho comum não enxerga.
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A primeira vitória de Ayrton Senna, o recorde de João do Pulo, cinco Copas do Mundo, quatro Olimpíadas… Pelé. Ao longo dos anos, Ari acumulou afetos; pelo trabalho e pelo jeitão carinhoso, fanfarrão, gozado. Carioquice explicada pelo nascimento de parteira no morro da Formiga, na Tijuca. Filho de fotógrafo consagrado (Ângelo Gomes), contrariou o pai e não fez a faculdade de medicina.
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Viajou o mundo. Armazenou uma infinidade de histórias e várias e várias malas de conhecimento. Faz questão de lembrar – com ênfase, diga-se – que sua bagagem vem do convívio com três ícones do jornalismo esportivo: Oldemário Touguinhó, Sandro Moreyra e João Saldanha.Com eles aprendeu manhas e malandragens. E a fotografar com os dois olhos abertos.
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Ao lado de Ricardo Leoni – parceiro, vizinho e também fotógrafo -, brinca de fotografar. Ambos cobrem jogos e competições da Liga Petropolitana de Desportos (LPD). Ela serve como um óleo antiferrugem. Leoni abre um livro de elogios ao amigo. Lembra, quando em O GLOBO, que era impossível vencer a foto matadora do JB na sua edição de segunda-feira. E ela era quase sempre assinada por Ari. Diz não ter conhecido fotógrafo igual e ressalta que a alta qualidade profissional do amigo jamais foi usada para se achar mais que qualquer outro companheiro.
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Ricardo Leoni é o mestre da luz e da cor, afirma Ari Gomes. A rebatida vem mais pesada: Ari Gomes é o mestre dos mestres, assegura Leoni. Bola pra cá, bola pra lá, não há vencido ou vencedor. A opinião dos colegas – amigos e inimigos -, leva Ari Gomes ao Olimpo. Todos são unânimes em afirmar que o galã de olhos azuis hipnotizantes é o melhor dos fotógrafos esportivos.
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Ari sente falta de a foto surgir no papel, de levar o filme para revelar na câmera escura. De escolher os hotéis pelos banheiros, das redações, das festas com os atletas. Ari sente falta da primeira página de segunda. Ari sente falta do elogio. E com razão.
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Mas Ari, na religião dos lambe-lambes esportivos, você é Jesus Cristo. Não foi crucificado, nem morto e jamais será sepultado.
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