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ÁRBITRO SHOW

6 / dezembro / 2016

por André Mendonça


“Sempre fui ruim de bola e o último a ser escolhido! Entre jogar e apitar, preferia ser o juiz nas peladas”. A frase é de Clésio Moreira dos Santos, um dos árbitros mais famosos do Brasil. Aposentado dos jogos profissionais desde 2004, o “Margarida” ganhou fama nacional, principalmente, pelo seu jeito espalhafatoso de apitar as partidas. Em entrevista ao Museu da Pelada, Clésio contou um pouco da sua trajetória na carreira.


Se dentro de campo o Margarida controlava as partidas sempre com bom-humor, alegrando jogadores e torcedores, fora dele nem tudo foram flores. A arbitragem deixou de ser uma brincadeira e passou a ser uma necessidade quando seu pai abandonou a família e Clésio teve que arrumar uma maneira de ajudar em casa. Antes de fazer o curso de arbitragem, apitou alguns jogos para ganhar uma pequena quantia de dinheiro.

Muitos não sabem, mas o início do Margarida nas partidas profissionais foi como bandeirinha e, só em 1994, a lenda do futebol brasileiro começou a desfilar, literalmente, no meio dos gramados.

– Apitei profissionalmente durante 16 anos, sempre com muita irreverência. Por causa desse meu jeito, muitos times exigiam a minha escalação nas partidas para atrair a torcida! Era uma atração à parte! – lembra o árbitro.

Por conta do jeito inusitado de apitar as partidas, as comparações com o árbitro Jorge José Emiliano dos Santos, o primeiro “Margarida” do futebol brasileiro, foram inevitáveis. Embora o estilo fosse bem parecido, Clésio garante que não copiou o saudoso árbitro.

– Eu já tinha visto alguns árbitros apitando de maneira extravagante, mas comecei a colocar gestos próprios em prática. Tive o prazer de estar com o Jorge Emiliano uma vez, quando fui seu árbitro reserva em uma partida em Florianópolis.

Nas muitas entrevistas que deu ao longo da carreira, Clésio sempre afirmou que “foi o percussor de usar uma cor tão feminina (rosa) num esporte tão machista, que é o futebol”. De acordo com ele, a escolha pelo rosa aconteceu por que o uniforme preto deixava os árbitros parecidos com manequins de funerária.

Apesar de ser casado com Marlussi e pai de três filhos, Mariana, Guilherme e Pedro, o árbitro que vestia cor de rosa conviveu com muitas piadas de mau gosto durante a sua carreira. Clésio afirma, no entanto, que sempre soube controlar as partidas e nunca deixou isso atrapalhar.

– No início cheguei a ouvir algumas piadinhas dos jogadores, mas nada que me deixasse irritado. Eu sempre tirava aqueles momentos com muita criatividade e os jogadores ficavam sem reação!

Em 1995, no seu segundo ano como árbitro principal, deu um grande passo na carreira e começou a trabalhar na CBF. No quadro nacional, sua estreia ocorreu na partida entre Internacional e Flamengo, no Beira-Rio. A partida, aliás, é considerada por Magarida como a mais marcante de sua vida.


Embora recebesse constantes ligações de Ivens Mendes, na época presidente da Comissão Nacional de Arbitragem de Futebol, alertando para não fazer gracinhas dentro de campo, Clésio revelou que aquela sua performance era inevitável.

– Confesso que ao entrar em campo, no meio de 22 jogadores, com aquele cheirinho de cânfora, eu não aguentava e começava a soltar a franga!

Hoje em dia, aos 57 anos de idade, Margarida continua dando “show” em partidas beneficentes, sempre com muita irreverência, e garante que a agenda fica cheia do início ao fim do ano, não só no Brasil.

– Apito partidas beneficentes, amistosas e, se precisar, valendo os três pontos! Tenho viagens por todo o Brasil e já passei por mais de 40 países. Já tenho uma turnê agendada para 2017 na Inglaterra, Espanha e França.


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