por Paulo-Roberto Andel
O que tem de mágico e apaixonante neste jogo que encanta as pessoas há mais de cem anos?
Um jogo de futebol nunca é só um jogo de futebol. São vários jogos e mil coisas acontecendo ao mesmo tempo enquanto a bola rola.
Pode ser no Maracanã, no Engenhão ou na TV: a cada passe, drible ou gol, a cada bela jogada, todos os olhos se tornam infantis, embevecidos pela magia da bola. Repare num botequim quarta-feira à tarde nos jogos da Champions. Ou à noite, nas partidas do Brasil.
O massacre do Fluminense sobre o River Plate fez os tricolores mergulharem pela insônia por todo o país. No Maracanã, perto dele, em todo o Rio de Janeiro e em outros Estados.
Agora, para entender o que é o futebol, basta acompanhar um garotinho humilde, trabalhador, bem pequeno, carregando seu pacote de caixinhas de Mentos para vender no Centro, nas estações do VLT. Orgulhosamente vestido com sua camisa laranja esgarçada e poída do Fluminense, do mercado popular, ele caminha como um pequeno príncipe pelas ruas do Centro. Enquanto luta pela própria sobrevivência e de sua família, o escudo tricolor que estampa aquela camisa é seu brasão de nobreza.
Quase tudo está errado ali: ele deveria estar brincando, sorrindo, se divertindo bem alimentado e feliz, não trabalhando, mas diante de toda aquela evidente dificuldade, o futebol dá cidadania ao menino. A única coisa certa é a pequena felicidade que nos inebria, a pequena grande felicidade do futebol.
A vida é dura e injusta demais, mas não há mal da natureza que derrube o amor de um garotinho pelo seu clube de futebol. O esporte do coração é a luz para um garotinho, é seu pertencimento, seu norte.
Lá vai o menino, lutando muito, sonhando como nunca, tendo o Fluminense como oxigênio, andando feliz com sua camisa e seu lindo escudo.
Quando a bola rola, todos temos dez ou oito anos de idade.
SÓ CONSEGUI DORMIR APÓS ÀS 3:00h DA MADRUGADA.