O ETERNO ÍDOLO DO BANGU
entrevista: Sergio Pugliese | fotos e vídeo: Daniel Planel
“Eu sou apaixonado por esse clube e tenho uma dívida com os torcedores”. Um dos personagens mais solicitados pela galera que acompanha o Museu, Ado nos recebeu em Moça Bonita e abriu o jogo sobre o seu amor pelo clube e um pênalti que não sai da sua memória.
Na década de 80, o Brasil vivia seus tempos áureos dentro de campo, com craques para todo lado e futebol arte em seu estado mais puro. No Brasileiro de 1985, no entanto, foi o Bangu quem despontou como grande time e não tomou conhecimento dos adversários. Vasco, Internacional e Brasil de Pelotas, por exemplo, foram times que ficaram pelo caminho do time de Moça Bonita.
Na grande final, após duas vitórias convincentes contra o Brasil de Pelotas, o Bangu enfrentaria o Coritiba em jogo único, no Maracanã.
– A gente estava pensando no Atlético-MG e veio o Coritiba. Estávamos tão confiantes que chegamos ao estádio apenas 15 minutos antes do jogo. Acho que essa autoconfiança prejudicou um pouquinho! – confessou Ado.
Empurrado por mais de 90 mil pessoas no Maracanã, a equipe carioca saiu atrás do placar, mas conseguiu deixar tudo igual e levar a decisão para os pênaltis.
– Parecia que o mundo tinha acabado ali. Eu ainda não assimilei aquele momento e até hoje tenho dificuldades para dormir.
A dor em questão surgiu após a última cobrança do Bangu, quando Ado deslocou o goleiro com perfeição mas a bola passou rente à trave direita de Rafael, responsável por fechar o gol do Coritiba durante o tempo regulamentar. Gomes converteu para o Coxa e calou o Maracanã naquele 31 de julho de 1985.
– Embora muitos craques tenham perdido, eu não admito jogador desperdiçar um pênalti. As chances do goleiro são mínimas!
De fato, o craque ficou marcado por esse revés, mas não podemos deixar de lado tudo que ele fez e continua fazendo pelo Bangu. Sua identificação com o clube é coisa de cinema e depois de tantos gols e dribles, o ex-ponta hoje trabalha na comissão técnica do alvirrubro.
Seu maior sonho é levantar um caneco pelo Bangu para retribuir todo o carinho da torcida e, como ele mesmo diz, pagar essa dívida.
– Eu amo tanto esse clube que não quis jogar no Flamengo, no Fluminense, no Corinthians, no Santos. Não quis ganhar dinheiro! Trabalho aqui por amor. É o clube da minha vida e aqui estou em casa!
Que surjam mais Ados no futebol brasileiro!
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