por Valdir Appel
A Anapolina jogaria suas últimas esperanças de classificação à fase final do campeonato goiano, em seu estádio, domingo, contra o Goiânia, e só uma vitória interessava.
No centro do gramado, técnico, diretor e o massagista do clube, antes do coletivo apronto, conversaram sobre a possibilidade de dar uma forcinha extra para garantir o resultado.
O massagista Xebréo dizia que era amigo do goleiro do Goiânia e afirmava que, por uma certa quantia em dinheiro, ajeitaria as coisas para que nada desse errado.
Viajou então até Goiânia, levando o que seria um adiantamento em dinheiro e retornou confirmando o acerto com o goleiro Nascimento. O restante deveria ser entregue por ele, segunda-feira à noite, no Hotel Central, de Anápolis.
Xebréo explicou, também, que um sinal de positivo havia sido convencionado entre os dois, concretizando o acerto.
Domingo à tarde, as equipes entraram em campo, o massagista postado à beira do gramado, chamou o goleiro que liderava o seu time.
– E aí, Nascimento? Tudo bem?”
O goleiro se voltou e fez sinal de positivo com o dedão.
Na tribuna, um dirigente olhou pro outro, e disse:
– Está tudo acertado!
A Anapolina realmente venceu a partida, jogando com sobras, por 1 a 0. Só não marcou mais porque o goleiro Nascimento pegou tudo, sendo eleito o melhor jogador em campo, o que levou os diretores a desconfiarem do acerto.
Mesmo assim, entregaram o restante do dinheiro ao massagista, conforme havia sido combinado.
Terça-feira, um diretor foi ao hotel e perguntou ao gerente se o Nascimento estivera lá, na noite anterior. O gerente confirmou. O diretor insistiu:
– Aquele cara alto e loiro?
Nova afirmativa.
Mandaram o massagista procurar emprego em outra cidade. Ele esquecera de dizer ao gerente do hotel que o Nascimento era negro. O loiro em questão era eu, que estava no banco de reservas.
0 comentários