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ABC E SUAS INJUSTIÇAS

27 / junho / 2023

por Rubens Lemos

O ABC é um ente federativo dentro do Rio Grande do Norte. Com seus hinos, suas heráldicas, sua constituição própria nos velhos papéis do estatuto e um povo em eterno frenesi de paixão. O ABC, só vim a aprender na própria pele, também é um clube injusto.

Ainda tinha minhas duvidas até o dia em que seu mais franciscano e alucinado dirigente, José Prudêncio Sobrinho, foi sepultado e o clube apresentou – como se estivesse operando o milagre da gratidão, a nota fiscal do caixão e dos demais itens do funeral de Prudêncio. Nos retiramos na hora, envergonhados, eu e o ex-presidente Leonardo Arruda.

José Prudêncio Sobrinho(foto) dedicava ao ABC o bem de um pai pelo filho e o seu sangue jorrava em preto e branco. Foi um homem rico, com uma rede de lojas de bateria de carro que foi se exaurindo. O ABC precisava, ele vendia uma filial. O dinheiro, a fundo perdido, era usado nas renovações de contrato do ídolo Alberi, na chegada de craques, na loucura que ele exerceu sem remédios de tarja preta a contê-lo. Até empobrecer.

Comigo foi no futebol de salão, que comandei de 2005 a 2010, levando o clube a 19 títulos, 13 deles regionais ou nacionais. Me chutaram com três sapatadas. Duas estavam nos pés dos mandões de então, a terceira ficou no meu próprio traseiro.

O péssimo instante por que passa o clube, desmoralizado nacionalmente graças única e exclusivamente à famigerada união de um ex-técnico pedante com um ex-diretor de futebol arrogante, reacende a lamparina da estupidez, do desagrado gratuito, sobretudo com os mais humildes, sangue e costela do ABC. A confiança depositada na dupla que arruinou o futebol do clube foi tão cruel quanto toda atitude mesquinha de cada um dos dois.

Há outros exemplos. Danilo Menezes, o melhor meia-armador do século passado, saiu do ABC de tanto ser perseguido, com os braços cruzados da diretoria em 1980, pelo técnico Servílio de Jesus, ex-jogador do Palmeiras. Servílio veio duas vezes ao ABC e, nas duas, não conseguiu nem título protestado para o alvinegro. Danilo Menezes voltaria em 1994 para ser campeão como técnico.

Pouco depois do que fizeram com Danilo Menezes, fizeram pior com o treinador Erandy Montenegro, campeão invicto do primeiro turno em 1981 e despedido sem nenhuma razão, apenas o serpentear de conhecida traíra da (má) memória do ABC. Erandy deu o troco no mesmo ano. Terminou tricampeão pelo América enquanto os seus algozes não colocaram o time sequer na Taça de Prata, lugar dos vice-campeões.

Em 1983, Erandy Montenegro montaria o melhor time que meus olhos fascinados viram ser campeão no ainda Estádio Castelo Branco: Lulinha; Alexandre Cearense, Joel, Alexandre Mineiro e Dudé; Nicácio, Dedé de Dora e Marinho Apolônio; Curió, Silva e Djalma.

Os escorpiões das emboscadas fatais tiraram o técnico Ferdinando Teixeira, também campeão do primeiro turno em 1996. O ABC perdeu o título para o América que contratou Ferdinando Teixeira e, com ele no comando, subiu para a Série A do campeonato brasileiro. Caso houvesse vencido em 1996, o ABC encerraria a década octacampeão potiguar.

Então veio Fernando Marchiori. Para iludir com resultados de aparente competência que nunca esconderam sua predileção pela mediocridade retranqueira. Ninguém engana todo mundo, o tempo todo. Aclamado(o ABC é pródigo em bajular forasteiros), Marchiori usurpou suas funções, mandou, desmandou, casou, batizou, até ser sufocado por derrotas pífias e procedimentos bizarros.

Como pneu sendo trocado com o carro andando, o ABC vê isolado o presidente Bira Marques. Aqueles em que tanto confiou, foram embora. Bira Marques precisa de ajuda, também deve pedir esse apoio, reconhecer o momento tétrico e convocar homens experientes.

A massa não pode continuar sofrendo. O ABC olha para a frente e enxerga uma improvável reviravolta. Bira Marques, meu amigo, você não estranhe: injustiça faz pouso contínuo pelos alpendres da Rota do Sol.

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