por Zé Roberto Padilha
Faltavam dois jogos para terminar o Brasileirão de 1975. E a revista Placar, a Bíblia da bola, colocava meu nome na liderança para ganhar a Bola de Prata de melhor ponta-esquerda. Não tinha criança disputando a posição.
Lula, Mário Sergio, Paulo Cézar Caju, Joãozinho, Sérgio Américo, Ziza…
A Bola de Prata era o nosso Oscar. Levou pra casa, nunca mais ficaria desempregado. Nem precisava de empresário, era só colocar debaixo do braço e assinar um outro contrato no clube a escolher..
Recebi uma carta da Editora Abril nos informando, em caso de confirmada minha liderança, que seria entregue em São Paulo, durante o Programa Clube dos Artistas, na TV Tupi. De Airton Rodrigues e Lolita.
E lá fui eu comprar um terno novo na Windsor.
Daí perdemos nas semifinais para o Internacional, por 2×0, no Maracanã, e ficamos de fora das finais. Pelo menos para mim e para o Marco Antonio, da Máquina Tricolor que tinha atropelado todo mundo, restava o consolo do troféu. E quando fui buscar a revista dia seguinte no jornaleiro, meu nome sumira da lista.
Sabe aquele contrato que você assina e não lê? Pois é, no regulamento, que nenhum jogador presta atenção, só na sua colocação, estava escrito: quem não completou 14 jogos , ou não terá chances de fazê-los, já esta de fora da VI Bola de Prata.
Liguei para o Fluminense, sempre bom no tapetão, e solicitei o número de partidas que atuara. Valia ter entrado no segundo tempo. A resposta foi cruel: 13. Disputara 13 partidas.
Será que o regulamento não dava um desconto porque nenhum jogador, por melhor fase que estivesse passando, conseguiria ser titular absoluto, jogar tantas partidas, disputando a posição com Mário Sergio e Paulo Cézar?
Enfim, os dias mais tristes que tive no futebol: no domingo, perder em casa as chances de disputar uma final. Na segunda, perder o mais cobiçado troféu por uma partida.
Família forte, unida, caso contrário, beira do mar, cervejinha, caipirinha..
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