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A TARRAFA

29 / abril / 2021

por Zé Roberto Padilha


Ah! O futebol e seus atores. Joguei em quatro estados da federação e cada um tinha seu estilo, sotaque, culinária, jeito de ser. Em comum a criatividade explícita que acompanhava o talento com que meus companheiros superaram concorrência e adversidade.

Nada, no entanto, na minha opinião, supera a frase que ouvi durante o treino do Goytacaz FC, se preparando para a disputa da primeira divisão carioca de 1984.

O clima frio, de Nova Friburgo, onde fizemos a pré temporada, o silêncio daquela serra, o improviso, a presença de espírito, e, principalmente o deboche que acompanha cada grupo reunido, enfim, tudo contribuía para que aquela pérola não fosse esquecida.

Nosso cabeça de área fez um longo lançamento para o lateral esquerdo que subia no apoio. A bola viajou alguns segundos e todos esperavam seu domínio, quando ela… escapou entre seus pés.

E saía pela linha lateral em meio aos lamentos do lateral, que voltava cabisbaixo para sua posição, quando um grito, da quarta zaga, ecoou pela serra:

– Joga a tarrafa!

Era melhor que o autor da frase, Cleber, o quarto zagueiro, o xingasse. Pela falta de habilidade, nosso lateral ficou bravo por saberem que seu anzol de recursos não bastava para fisgar aquele traiçoeiro objeto de desejo.

Com o tempo, percebemos que a tarrafa jogada sobre os gramados seria uma questão do ENEM não estudada.

Uma mulher tamanha que sua linha de nylon não foi capaz de segurar ao seu lado.

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