por Marcelo Mendez
Horace McCoy, há muito tempo atrás, mais precisamente em 1935, escreveu o livro “A Noite Dos Desesperados”.
O livro conta a história de um grupo de pessoas que durante a grande depressão americana, pós quebra da bolsa, que tem uma única chance de aliviar a miséria a qual se encontram, num campeonato de dança, onde o vencedor tem que resistir, dançar até as pernas não aguentarem mais pra levar uma grana de prêmio. A partir daí, todo o drama humano começa com as mazelas das pessoas que vivem por ter que aguentar, que tirar do fundo da alma a força para lutar por sobrevivência.
Ontem, evidentemente, guardada as devidas proporções, vimos algo parecido na Arena do Palmeiras durante a semifinal da Libertadores da América, entre Palmeiras e River Plate. O placar final de 2×0 construído pelo time argentino na primeira etapa reserva um recente drama alviverde que há tempos não era vivido pelos seus.
Um time lento, frouxo na marcação e nas atitudes, pesado nas pernas e na mente, não conseguia reagir, não conseguia superar a pequenez sazonal que o acometeu e que fez com que a equipe verde ficasse atrás, recuada, com medo, vendo os argentinos jogarem. O resultado foi catastrófico e se não fosse pelo VAR, que corretamente agiu para corrigir marcações feitas, teríamos ontem uma das maiores derrotas palmeirenses de sua história. Ufa!
Foi um sufoco, mas o apito final com os 2×0 deu a classificação ao Palmeiras para a disputa da decisão da Libertadores de América. Vale a vaga. Vale muito. Todavia, assuntos relativos ao que aconteceu ontem precisam ser tratados. Futebol é um jogo demasiado humano, onde a execução de fatores táticos depende da boa cabeça e da boa preparação desses humanos para tal prática. Não foi isso que constatamos ontem.
O Palmeiras não estava la em seu estádio. As cabeças alviverdes vagaram para um lugar onde o que habita é medo, a descrença, a inoperância e, dessa forma, o time que perdeu para o River não era aquele time vivaz e alegre que vinha desempenhando muito bem as orientações do ótimo Abel Ferreira. Isso precisa mudar.
Seja lá quem vier da decisão de hoje, Santos ou Boca, o Palmeiras não pode mais ir a campo da maneira que foi ontem. Que fique a lição com esse vareio de bola que os argentinos deram nos alviverdes.
Que a noite da desesperança não se perpetue no Maracanã!
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