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A MAIOR DAS EVOLUÇÕES

12 / abril / 2021

por Zé Roberto Padilha


Até a Copa de 1974, disputada na Alemanha, esse atleta ruim de bola, que quando tiravam par ou ímpar nas peladas ninguém queria na linha, e o mandavam para o gol, não tinha no seu clube quem os treinasse.

Mesmo usando as mãos quando 92% utilizam os pés, e usam fundamentos completamente diferentes, eles corriam na pista e se exercitavam com zagueiros, meias, atacantes…

Os goleiros mais esforçados, após os treinos, iam para a caixa de areia do atletismo, aquela do salto em distância, e pediam para a gente jogar a bola. E ficavam saltando, por conta e risco, de um lado para o outro.

Na minha época, no Fluminense, os heróis eram Félix, Roberto, Nielsen, Jairo, Paulo Sérgio, Paulo Goulart e Jorge Vitorio.

Após a Copa, Sepp Meyer, goleiro alemão e já campeão do mundo, lançou um livro. Nele revelava seu segredo: jogava tênis. Se acertava aquela bolinha minúscula, escreveu, como erraria a grandona jogada em sua direção?

Daí veio um membro da militarizada comissão técnica brasileira, Raul Carlesso, e criou uma nova profissão: treinador de goleiros. É só pegar os jogos do Gilmar, duas Copas do Mundo anteriores, do Félix, tricampeão, que vocês verão como evoluíram em todos os fundamentos.

Quando batiamos pênaltis, eles tentavam adivinhar o canto. Hoje, na véspera das partidas, assistem aos vídeos e ficam sabendo da nossa preferência.

Na profissão mais cruel do mundo, porque onde pisam mal nasce grama, e um deles, Barbosa, nada treinado, foi sacrificado e faleceu sem ser perdoado, nenhum goleiro começou jogando porque levava jeito. Pelo contrário, surgiram na rejeição à prática do seu ofício.

Mas temos que reconhecer: nada no mundo do futebol evoluiu mais do que os seus treinamentos. Se tenham dúvidas, pergunte a um jogador do Palmeiras, escalado para bater ontem, se esse novo modelo, que vem treinado de fábrica, tenta adivinhar o canto?

Antes, o batedor, diante de um boneco, perdia seu pênalti. Hoje, o goleiro, capacitado, é quem defende a cobrança.

Diego Alves se tornou uma máquina programada para pegar pênaltis. Parabéns a Raul Carlesso. Parabéns aos goleiros salvaguardas das nossas maiores paixões.

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