por Zé Roberto Padilha
Existe um enigma, algo ambíguo, metafórico, de difícil compreensão conhecido, pesquisado e estudado em “Como ensinar um garoto ou uma garota a jogar futebol?”.
No país do futebol, a única profissão que não se ensina em casa, no colégio e na escolinha é o futebol. Ou você nasce com o dom de jogar ou vai estudar.
Além de jogador, fui treinador nas divisões de base do Fluminense FC, em Xerém. De 1987 a 1991. E tive, em Três Rios, muitos anos de escolinha de futebol. Tanto no América, como no Entrerriense e Independência Clube. E posso afirmar que com dez minutos temos condições de assinar o laudo esportivo. “Mãe, ou você investe no seu talento, ou leva seu menino a se dedicar aos estudos!”
O que uma escolinha de futebol faz é aprimorar os fundamentos, como passe, domínio, cabeceio e depois aproveitar suas maiores virtudes em um conjunto dotado de onze solistas.
Quem souber ensinar um garoto a jogar futebol ganhará o Prêmio Nobel do Esporte.
Os americanos, que adoram dominar o mundo, já acionaram cientistas da NASA, que chegaram a Lua mas não descobriram a fórmula mágica para jogar futebol. Até levaram o Rei do Futebol para jogar pelo Cosmos. E nada.
Depois, acionaram cérebros de Harvard e mesmo quem inventou o Facebook, Marc Zuckerberg, foi incapaz de encontrar uma fórmula de formar uma equipe que ganhasse uma medalha olímpica no futebol. Uma das poucas que não alcançaram.
Agora levaram o Messi para Miami tentar o impossível.
Só mesmo os Deuses do Futebol a explicar isso. E como eles são justos na escolha de quais pés a bola encontrará carinho e abrigo. Para se ter ideia da nobreza de tais escolhas, certa vez um empreiteiro, rico e renomado, declarou que havia alcançado quase todos os seus sonhos. Um só não conseguira realizar.
A Ferrari estava na garagem, a Disneylandia destino de todas as férias, porém, ele queria ver seu filho com a camisa 10 do Botafogo. E investiu pesado, acionou contatos, enviou bilhetes para deputados e pessoalmente foi dar um abraço no presidente da CBF.
E desistiu quando soube que um garoto vindo do interior, sem parentes importantes e filho de um operário seu, chamado Jefinho*, alcançou esse lugar.
Se ainda há justiça no mundo, algo que o dinheiro não pode cobrar e a UFRJ ensinar, cujo acesso ao estrelado nunca estará à venda, esse é o futebol.
Por isso o amamos tanto.
*qualquer semelhança com jogadores hábeis e magrinhos, como Jeffinho, será mesmo pura ficção.”
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