No dia do aniversário do do consagrado locutor Cesar Rizzo, criador do bordão “Sacudindo, sacudindo a galera”, reproduzimos um texto da “A Pelada Como Ela É” e um vídeo em que Rizzo nos parabeniza pelo nosso primeiro ano de vida, quando a coluna ainda era publicada apenas no Jornal O Globo.
por Sergio Pugliese
Gerson, o Canhotinha de Ouro, fez um carnaval na defesa, driblou o goleiro-paredão Gil Rios e deixou o saudoso João Sergio com a missão de apenas empurrar a redonda para o gol mas, vai entender, seu chute possuído por algum efeito sobrenatural fez a coitadinha da bola mudar totalmente a direção e mergulhar nas águas da Praia de São Francisco. O campeão do mundo de 70 gritou “É brincadeira!”, jogou a camisa no chão e despediu-se: “Nunca mais volto aqui”. Quem consegue? Na semana seguinte lá estava ele no Praia Clube, em Niterói, animando a resenha com seu pandeiro, na companhia de Jair Marinho, outro campeão mundial, e de incontáveis amigos. A equipe do A Pelada Como Ela É entendeu perfeitamente a quebra de palavra do ídolo. Não dá para ficar longe dessa rapaziada!! São dezenas de doidos que esbanjam felicidade, autênticos malucos-beleza que adoram estar juntos. Essa turma do bem, liderada pelo engenheiro Edgar Chagas Muniz, na quinta-feira passada nos pregou uma peça e preparou uma inesquecível festa-surpresa para comemoramos antecipadamente o primeiro ano da coluna, oficialmente hoje.
– Babalu, desce mais uma!!!! – berrou Shubert.
A casa estava cheia, mais Babalu deu conta do recado. Eram quase 70 jogadores, todos vestidos com a camisa A Pelada Como Ela É estilizada por Edgar, que também edita o jornal O Racha, é mestre de cerimônias, fundador da pelada, artilheiro e ainda toca um violãozinho na mesa redonda. O evento foi de alto nível! Estava o atual presidente do clube, Henrique Miranda Santos e o primeirinho, quando tudo começou há 32 anos, Onofre Bogado. O Praia Clube era apenas um quiosque no meio do nada e hoje seus fundadores Edgar, Fabiano, Cesar Maia, Huguinho, Nelson, Gil Rios e Ney Vargas mostram orgulhosos cada espaço construído, com destaque para o porrinhódromo e, claro, o belo campo soçaite, de grama sintética, onde todas às noites de quinta-feira, os veteranos craques viram crianças.
– Nosso lema é Saúde, Paz, União e Força no Vergalhão! – gabou-se o analista jurídico Cesar Maia.
Disposição realmente não falta ao grupo. No embalo de Cássio (vocal) e de Marcílio Tanaka (bandolim), músico que, entre outras feras, já tocou com Zeca Pagodinho e Beth Carvalho, a rapaziada não olhava para o relógio. Então, Fabiano, de 67 anos, abraçado ao filho Fabson, de 43, e ao neto Fabinho, de 11, puxou o hino do time: “É quinta-feira, por favor não esqueça, não me segura pois estou em cima da hora, no Praia Clube vou fazer minha cabeça e se eu me atraso rola a bola e eu tô fora. Não gosto de te ver chorando, mas to me mandando, só vou relaxar…”.
– É uma espécie de homenagem às nossas mulheres – brincou Merinho, craque do time.
Num canto da festa, Reyes de Sá Viana do Castelo, da equipe do A Pelada Como Ela É e corintiano apaixonado, chorou ao ver Jair Marinho. Ele faz parte de uma terceira geração de fãs do craque, que começou com seu bisavô Paulo, torcedor da Portuguesa, e passou por seu avô Raul, também Coringão. Por isso, se emocionou ao ouvir Jair contando sobre Pampolini, Ivair, Dino Sanni e Rivellino. Sobre Jair Marinho, no entanto, os amigos ignoram o passado de glória e preferem lembrar o dia em que ele escondeu a dentadura dentro do copo de cerveja de Gerson, o Canhotinha. Após a descoberta foi tudo parar dentro da piscina. Jair fez cara de moleque e deu um beijo carinhoso em Huguinho.
– Aqui todos somos iguais e até podemos reclamar dos lançamentos errados do Gerson – resumiu Cesar Rizzo, consagrado locutor, criador do bordão “Sacudindo, sacudindo a galera!”.
O churrasqueiro Jonas continuava queimando carne. Há 25 anos no clube, ele conhece o apetite da turma. O cardiologista Ciro Herdy tentava controlar o consumo de gordura. Esse conhece o colesterol da turma. Mas ninguém ouvia mais nada. Sinval, sósia de Gerson, se despediu. Aproveitamos o embalo e fomos juntos. Foi difícil sair. Adoramos o presente de Edgar & Cia e o texto de hoje é uma singela forma de agradecer a todos organizadores de pelada que trataram nossa equipe com tanto carinho ao longo do ano.
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