por Luis Filipe Chateaubriand
Muitas vezes, o fato de historicamente o futebol brasileiro ser dos melhores do mundo dota a torcida brasileira de uma arrogância que não faz sentido.
É como se tivéssemos saído do “complexo de vira latas” de Nelson Rodrigues para a auto suficiência dos pavões.
Um exemplo disso é nossa justificativa para não termos vencido a Copa do Mundo de 1978: fomos roubados!
O raciocínio é simples, ou melhor, simplista: a Argentina só foi à final de uma Copa do Mundo realizada na Argentina porque meteu 6 x 0 no Peru, que se vendeu.
Não há provas que o Peru se vendeu, mas é provável, com efeito, que tenha se vendido. Mas não foi por isso que a Argentina foi à final da Copa, no lugar do Brasil…
O real motivo que o Brasil deixou de ir à final da Copa foi que, quando jogou com a Argentina, não venceu o jogo.
Tivesse vencido da Argentina, quando jogou com a anfitriã da Copa, iria à final, no lugar desta.
O capitão Cláudio Coutinho, excelente treinador, cometeu o erro de achar que o empate com os argentinos seria bom resultado. E, assim, escalou o defensivo Chicão no lugar do ofensivo Toninho Cerezo.
Conseguiu o empate que queria – e foi exatamente esse empate, e não a pretensa armação de “hermanos” e peruanos, que nos tirou da final.
É bem verdade que o Brasil jogou melhor que a Argentina. Poderia ter vencido, mas o brilhante goleiro Fillol foi extremamente feliz ao defender chutes na cara do gol de “Búfalo” Gil e de Roberto Dinamite (dois, mas um impedido), além de um chute de longe de Zico.
Em resumo, o Brasil não foi à final porque não teve competência para vencer a Argentina. Mas, arrogantes que somos, não admitimos isso, preferimos acreditar que não chegamos à final porque fomos “garfados”.
Como a garotada costuma dizer, é muito mimimi!
Luis Filipe Chateaubriand acompanha o futebol há mais 40 anos e é estudioso do calendário do futebol brasileiro e do futebol europeu. Email: luisfilipechateaubriand@gmail.com.
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