por Luis Filipe Chateaubriand
Wanderley Alves de Oliveira, o Deley, era a classe em forma de jogador de futebol. Engenheiro e arquiteto do jogo do Fluminense, sabia fazer o adversário “passar um dobrado” em suas mãos, ou melhor, em seus pés.
O plano era simples, mas genial: ao dar campo ao adversário, o tricolor fazia com que este se sentisse como a dominar o jogo. No entanto, esse domínio era apenas aparente, falso, pois o sistema defensivo era sólido.
Ao se sentir a dominar o jogo, o adversário atacava de forma sôfrega. E se descuidava na defesa. Era a hora de Deley entrar em ação, com lançamentos perfeitos para seus colegas Assis, Washington, Tato, Romerito, Branco, Aldo e companhia, em meio a uma defesa oponente desarrumada, desorientada, perturbada.
Era fatal!
Dizem que Sun Tzu, um general e filósofo chinês que teria vivido cerca de 2500 anos antes de Cristo, teria deixado escritos que nominavam as estratégias para vencer as guerras – que foram denominados “A Arte da Guerra”.
Deley parecia ter os ensinamentos de “A Arte da Guerra”, adaptados para o futebol, gravados em sua memória. Era o general, o artífice, o engenheiro e arquiteto da vitória.
Uma vez, assistindo a um documentário sobre o mítico Fla x Flu de 1983, aquele que o Assis fez o gol no último minuto, assisti ao Deley falar:
– Quando eu vi o Assis, aquela gazela, correndo pela direita, eu sabia que tinha que colocar a bola para ele entre o Junior e o Mozer, para que ele pudesse fazer o gol.
O documentário, então, mostra o lance: Deley coloca a bola, em um lançamento de uns 50 metros, exatamente entre Junior e Mozer; Assis recebe limpa e toca por baixo, na saída de Raul.
Na primeira metade dos anos 1980, a torcida tricolor não tinha dúvidas: falou em general do time, falou em Deley!
Luis Filipe Chateaubriand é Museu da Pelada!
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