seleção raiz
entrevista: Sergio Pugliese | texto: André Mendonça | fotos: Guilherme Careca | vídeo: Daniel Planel
Promover encontros, resgatando e eternizando as origens do futebol é uma das maiores missões do Museu. Por isso, não medimos esforços quando surge a oportunidade de encontrar algum craque. Neste caso, eram dois craques mundiais, campeões da Copa de 70 e nem pensamos duas vezes antes de sair em disparada para reuni-los. Tratava-se do reencontro de Gerson e PC Caju.
Uma das resenhas mais aguardadas pela galera não poderia ser em um lugar qualquer. Sem o Canhotinha de Ouro saber, fomos ao Canto do Rio, onde trabalha na diretoria, e levamos PC Caju na carona.
– Estamos indo encontrar uma preciosidade! – disparou PC ainda no caminho.
O encontro ocorreu alguns dias após a eliminação do Brasil para a Bélgica, quando a ressaca ainda tomava conta dos torcedores por conta do mau desempenho da Seleção no torneio. Ou seja, não poderia ter hora mais oportuna para ouvir quem nos trouxe muitas alegrias vestindo a amarelinha, sobretudo na campanha do título de 1970!
Assim que cruzou a portaria do clube, PC avistou Gerson, solitário, analisando uns papéis, e antes de sentar não se conteve:
– E o pastor? – em alusão ao técnico Tite, para a gargalhada do Canhotinha.
Se Caju não poupa a caneta na hora de escrever as crônicas para o Jornal O Globo, Gerson não mede as palavras nos programas esportivos. Contudo, poucos têm a propriedade que eles têm para abordar tais assuntos.
– Eu ainda penso antes de falar, ele não. Mas certo é ele! O que ele está escrevendo no jornal não é qualquer um que escreve. Muito bem escrito e atual, às vezes puxa coisas do século passado e contextualiza! – elogiou Gerson.
Em um momento da resenha, inevitavelmente, Neymar se tornou a pauta e Gerson foi taxativo:
– Ele é um dos principais jogadores, mas infelizmente é chacota no mundo inteiro. Ele é muito bom, inteligente, capaz, mas não é para fazer o que ele fez na Copa. Rolou, rolou, rolou…
Para lavar a nossa alma e esquecer, pelo menos de forma momentânea, a eliminação, a dupla relembrou os áureos tempos do futebol brasileiro e da Seleção. Nessa hora, percebemos a disparidade entre as gerações e como éramos felizes na época em que vestir a amarelinha era prazeroso para os jogadores.
Por falar em saudosismo e dos bons tempos do futebol brasileiro, a dupla, ao lado do presidente Rodney Melo, celebrou o retorno do Canto do Rio à elite do futebol carioca.
– É só você ver a importância dos caras que saíram daqui: Gerson, Jair Marinho, Altair, Roberto Miranda, Luizinho, Cesar Lemos… Era uma escola que fazia parte do Rio de Janeiro! – lembrou PC.
– A ideia não é só o nosso retorno ao futebol, mas movimentar a cidade. – emendou o presidente Rodney.
Gerson, por sua vez, contou histórias da época em que jogava no clube e lembrou o dia da despedida.
– Fizemos uma preliminar contra o Flamengo, perdemos de 5 a 2, mas eu fiz os dois gols do Canto do Rio e o Bria, treinador da base do Flamengo, me perguntou se eu queria fazer um treino na Gávea!
Como bons amantes do futebol arte, só nos resta matar um pouco da saudade daquela época com essa aula de resenha e agradecer a essa dupla por todas as alegrias proporcionadas!