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O ÚNICO BLOCO DAS PIRANHAS PERDIDO

4 / março / 2019

por Zé Roberto Padilha


Desde que Moisés, o zagueiro Xerife, então jogador do Vasco, com a ajuda de alguns companheiros, entre eles o Alcir e meio time do Olaria, saíram num sábado de carnaval vestidos de mulher pelas ruas de Madureira, que o Bloco das Piranhas entrou de vez na vida de cada um de nós, boleiros. Tanto tempo depois, ainda saímos de Piranhas, como ontem, irrecuperáveis, irreverentes e festeiras. Desde este episódio, ocorrido no começo da década de 70, só deixei de sair no bloco uma vez. Em 1975. Pois justo no sábado de carnaval deste ano, Francisco Horta, nosso presidente, resolveu marcar um jogo no horário de sua saída. E logo no Maracanã, contra o Corinthians. Motivo? Apresentar Roberto Rivelino, um tricampeão que nem um torcedor da fiel queria mais.

No banco de reservas, Piranhas antes da partida contrariadas, que desfilavam pelos gramados do Estádio Hercílio Luz, Brinco de Ouro da Princesa e Ressacada, que concentravam no Hotel das Paineiras, faziam excursões em vôos rasteiros, assistiram, estupefatas, um desfile dos sonhos sonhados. Talvez nem Joãozinho Trinta apresentasse, à nossa frente, algo tão bonito parecido. Porque ele, Roberto Rivelino, meteu três gols na goleada de 4×1 e na Comissão de Frente veio o título carioca. Um carro alegórico exibia, a seguir, nossa nova concentração, um Hotel Nacional 5 estrelas novinho em folha de frente para o mar. E uma ala, com as asas azuis, vermelhas e brancas da Air France, mostrava nossa delegação partindo, de Jumbo, para o Torneio de Paris. No Paris St. Germain, o organizador da festa no Parc des Princes, vestindo o estandarte 10 como convidado, Johan Cruyff, o maior jogador em atividade no mundo, contracenava em uma ala verdinha com ele, Rivelino, Mário Sérgio, Marco Antonio, Edinho, Zé Mario, Gil….. e Paulo César Caju.


A partir daí, Piranhas comedoras de sardinhas, como eu, se espalharam pelos clubes, do país e da Europa, com direito a ter bacalhau com vinho do Porto à mesa. Perdemos um desfile, mas nenhuma piranha daquelas, entre elas o Cléber, Zé Maria, Carlos Alberto Pintinho, Abel, Érivelto, Rubens Galaxe e Nielsen Elias, se esqueceu daquele sábado em que perdemos um desfile. E passamos a conhecer e ser respeitado melhor pelo mundo da bola.

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